domingo, 21 de outubro de 2007


Nada de um espetáculo convencional, nada de monológo chato e cansativo, nada do que imaginei que seria.
Foi assim que Elisa Lucinda, a atriz, roteirista e diretora da peça conseguiu fazer-me ficar duas horas e meia em uma poltrona sem me dar conta do tempo corrido. Foi em APENAS duas horas e meia que conseguiu despertar aclives e declives dos mais variados sentimentos que iam de sorrisos, gargalhadas, pensamentos, reflexões. Uma montanha russa de emoções.
Do cotidiano a peça gira em torno. Mais para uma conversa casual, um chá das cinco, um café expresso entre amigos com franqueza. É bem assim que você se sente ao assistir a peça.
Retratando bem nossos hábitos que vai de escova no cabelo ao dizer eu te amo.
Então vamos lá...
Não existe cabelo ruim cabelo bom. Por que do cabelo ser ruim sendo cacheado? crespo? ondulado? Por que só o cabelo liso é um "cabelo bom"? Por que em rótulos de shampoo para cabelos cacheados, crespos, ondulados tem escrito: "shampoo para cabelos rebeldes", "shampoo para cabelos indisciplinados", o que tantos esses cabelos fizeram para serem taxados como rebeldes e indisciplinados?
Existe vários tipo de eu te amo sabia? O eu te amo de ontem, não serve pro dia de hoje. Por que hoje, é um NOVO dia. O eu te amo dito na cerimônia de casamento não tem validade até as bodas de ouro não. Existe o eu te amo pra cada tipo de situação. O eu te amo quando o filho nasce, o eu te amo depois de uma briga, o eu te amo ao amanhecer o dia, o eu te amo quando se perde o emprego, o eu te amo em aniversário, o eu te amo quando está doente, o eu te amo quando se está triste ou mesmo alegre.
Renove o dizer eu te amo para cada novo dia, para cada situação. Façam como as crianças, que fazem festa ao chegar na pizzaria para comer a mesma pizza de calabresa de ontem. Mas pra ela vai ser uma nova pizza mesmo sendo do mesmo sabor. E outra, quem foi que disse que crescer era deixar de brincar? Quem foi que disse que crescer não era mais preciso pintar? Usar o lápis de cor? Sentar no chão com as pernas cruzadas?
Brinque, pinte cada dia seu com uma cor ou mesmo pinte com todas as cores todos os dias, a cada dia, a UM NOVO dia.
Não ficaremos presos aos nossos diversos cárceres, por que cárceres não é só prisão. É tudo aquilo que nos afugenta, que refreia , que coibi, que clausura, que omite, que reprime, que nos impede a colorir nossos dias.
É isso e muito mais que Elisa Lucinda consegue passar nessa "conversa casual". Entrei uma pessoa e saí outra do teatro. Com uma visão e mente mais aberta. Sabendo mesmo o que realmente importa.
Para as pessoas que não puderam assistir eu lamento profundamente, por que essa "conversa" é digna de qualquer pessoa escutar.

Alguém sempre chega. Alguém sempre demora.





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